Medicamentos como Ozempic e Wegovy, popularmente conhecidos como “canetas emagrecedoras”, ficaram famosas pelos resultados no tratamento da obesidade. Os medicamentos podem ajudar na perda de até 22% do peso corporal. No entanto, esse resultado não é para todo mundo.
Nas pesquisas, os especialistas já indicavam que aproximadamente 10% a 15% dos pacientes nesses ensaios foram “não respondedores” que perderam menos de 5% do peso corporal.
Agora que milhões de pessoas usaram os medicamentos, vários especialistas em obesidade disseram à The Associated Press que talvez 20% dos pacientes – até 1 em cada 5 – podem não responder bem aos medicamentos. É uma consequência pouco conhecida do boom dos medicamentos para obesidade, de acordo com médicos que alertam pacientes ansiosos para não esperar resultados uniformes.
“É tudo uma questão de explicar que pessoas diferentes têm respostas diferentes”, disse a Dra. Fatima Cody Stanford, especialista em obesidade do Hospital Geral de Massachusetts.
Os medicamentos são conhecidos como agonistas do receptor GLP-1 porque imitam um hormônio no corpo conhecido como peptídeo semelhante ao glucagon 1. Genética, hormônios e variabilidade em como o cérebro regula a energia podem influenciar o peso – e a resposta de uma pessoa aos medicamentos, disse Stanford.
Além disso, condições médicas como apneia do sono podem prevenir a perda de peso, assim como certos medicamentos comuns, como antidepressivos, esteroides e anticoncepcionais.
“Esta é uma doença que se origina no cérebro”, disse Stanford. “A disfunção pode não ser a mesma” de paciente para paciente.
Apesar dessas precauções, os pacientes geralmente ficam chateados quando começam a receber as injeções semanais, mas os números na balança mal mudam.
“Pode ser devastador”, disse a Dra. Katherine Saunders, especialista em obesidade na Weill Cornell Medicine e cofundadora da empresa de tratamento de obesidade FlyteHealth. “Com expectativas tão altas, há muito espaço para decepções.”
Esse foi o caso de Danielle Griffin, que lutou contra a obesidade desde a infância e esperava perder cerca de 30kg usando Wegovy. Ela não teve dificuldades para conseguir o medicamento, seu seguro saúde cobria o custo (cerca de $25 a $50 mensais), mas ela estava na porcentagem de pessoas que não tinha a resposta máxima do medicamento.
O medicamento ajudou a reduzir seu apetite e diminuiu seu risco de diabetes, mas ela viu pouca mudança no peso. Ao, todo ela conseguiu perder em um ano e meio cerca de 6kg usando o medicamento.
“Fiz tudo certo, mas não tive sucesso. É desanimador”. “É uma montanha-russa emocional”, ela disse. “Você quer que funcione como funciona para todo mundo.”
Os medicamentos geralmente são prescritos junto com mudanças no comportamento alimentar e no estilo de vida, o que foi feito por Griffin, mesmo assim ela considera o resultado frustrante.
Segundo os especialistas, geralmente, fica claro em semanas se alguém responderá aos medicamentos, disse o Dr. Jody Dushay, especialista endócrino do Beth Israel Deaconess Medical Center. A perda de peso normalmente começa imediatamente e continua conforme a dosagem aumenta.
Para alguns pacientes, isso simplesmente não acontece. Para outros, efeitos colaterais como náusea, vômito e diarreia os forçam a interromper os medicamentos, disse Dushay. Em tais situações, os pacientes que estavam contando com os novos medicamentos para perder peso podem pensar que estão sem opções. “Eu digo a eles: o jogo não acabou”, ressalta Dushay.
Tentar uma versão diferente da nova classe de medicamentos pode ajudar. Griffin, que não respondeu bem ao Wegovy, começou a usar Zepbound, que tem como alvo uma via hormonal adicional no corpo. Após três meses de uso do medicamento, ela perdeu 7 libras. “Espero que seja lento e constante”, disse ela.
Outras pessoas respondem bem a medicamentos mais antigos, disseram os especialistas. Mudar hábitos de dieta, exercícios, sono e estresse também pode ter efeitos profundos. Descobrir o que funciona normalmente requer um médico treinado para tratar obesidade, observou Saunders.
“A obesidade é uma doença tão complexa que realmente precisa ser tratada de forma muito abrangente”, ela disse. “Se o que estamos prescrevendo não funcionar, sempre temos um plano B.”
Fonte- Jornal O Sul