A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) passou a recomendar a suplementação de vitamina D para crianças e adolescentes de 0 até 18 anos. Anteriormente, a suplementação da vitamina era indicada apenas para bebês de até 1 ano de idade. A alteração na diretriz foi publicada no início de novembro pela entidade médica.
De acordo com o endocrinologista Crésio Aragão Dantas Alves, presidente do Departamento Científico de Endocrinologia da SBP e um dos autores do novo consenso, a decisão ocorreu após a constatação de que crianças e adolescentes estão produzindo menos vitamina D. Os motivos para isso incluem redução da exposição à luz solar e baixa ingestão de alimentos ricos no nutriente.
“A maior parte das atividades de crianças e adolescentes atualmente ocorre em ambientes fechados, como shopping ou dentro de casa, utilizando dispositivos eletrônicos. Além disso, os alimentos ricos em vitamina D, como fígado de boi, óleo de fígado de bacalhau e peixes gordurosos de água fria, como atum e salmão, não são comuns na alimentação desse grupo”, explica Alves.
Um estudo realizado este ano mostrou que nos estados da região Sul, nos meses de inverno, até 36% dos adolescentes tinham deficiência de vitamina D, destes 5% tinham deficiência grave.
“O Brasil é um país continental, com diferentes realidades, mas não tem como a SBP fazer recomendações para cidades ou estados específicos. Por isso, a recomendação é geral, mas a indicação da suplementação ou não fica a critério de cada pediatra”, pontua o endocrinologista pediátrico.
De acordo com a diretriz da SBP, não há necessidade de dosar a vitamina D para recomendar a suplementação. Isso porque esse é um exame caro, que não é amplamente coberto pelos planos de saúde nem está disponível em todo o Sistema Único de Saúde (SUS).
“A vitamina D não é dosada facilmente. Se a sociedade exigir a dosagem, vamos eliminar várias crianças de baixa condição socioeconômica de utilizarem o beneficio da reposição. Então a recomendação deve ser baseada na história clínica da criança”, afirma Alves.
Por exemplo, crianças e adolescentes que costumam realizar muitas atividades ao ar livre, a priori, não precisariam de suplementação. Por outro lado, aquelas que ficam a maior parte do tempo em ambientes fechados, precisam. A suplementação também pode ser sazonal, como apenas no inverno, quando atividades ao ar livre costumam ser mais restritas, principalmente em regiões onde o frio é mais intenso.
A vitamina D é um hormônio muito importante para a saúde em geral. Na faixa etária pediátrica, ela tem três funções básicas: dificulta o surgimento de infecções respiratórias, previne o raquitismo (condição caracterizada por ossos fracos e deformidades esqueléticas) e faz com que a massa óssea seja normal, o que reduz o risco de osteoporose na vida adulta.
A maior parte – cerca de 90% – da vitamina D é sintetizada na pele exposição à luz solar. Os outros 10% são obtidos pela alimentação, em especial pela ingestão de fígado de bacalhau e de boi, e peixes de água fria, como atum, arenque e salmão. Esses alimentos não são muito comuns na alimentação dos brasileiros em geral e menos ainda, de crianças e adolescentes.
“Se queremos que nossas crianças tenham uma saúde óssea adequada, temos que suplementar a vitamina D”, afirma Alves.
A suplementação pode ser feita por meio de solução, comprimido ou cápsulas de vitamina D. Embora esses suplementes possam ser facilmente comprados em qualquer farmácia, sem receita médica, o especialista alerta para os riscos da auto suplementação.
“Os pais não devem dar vitamina D aos filhos por conta. É preciso procurar o pediatra e conversar sobre a necessidade da suplementação ou não. Em excesso, a vitamina D pode causar uma intoxicação que leva à absorção de uma grande quantidade de cálcio para o sangue, que vai ser eliminado pela urina, causando cálculos renais e, a depender do caso, destruir parte dos rins”, alerta o médico. As informações são do jornal O Globo.
Foto- Freepik
Fonte- Jornal O Sul